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Thursday, September 12, 2013

Walter Pall e os primeiros dias de bonsai na Alemanha


Walter Pall e os primeiros dias de bonsai na Alemanha
Autor: Walter Pall
Colaborador: J.P. Arzivenko


Foi somente no começo da década de oitenta que eu comecei a fazer bonsai, naquela época era muito difícil conseguir informação ou encontrar livros. Eu descobri que existia um cara em Hannover, ele ainda está lá, e também o que é chamado Centro de Bonsai Heidelberg, que depois tornou-se bastante famoso, então encomendei dois ou três livros deles, deste livros eu aprendi tudo.
Então descobri neste livros que aparentemente, nos velhos tempos, os japoneses e os chineses buscavam suas plantas na natureza. Eu fui bastante amador e não tinha nenhuma pista sobre como começar, mas eu sabia onde as árvores estavam, eu morava em Hamburg na época, mas ia constantemente de férias para a Austria com meus pais. Durante as férias eu subi a montanha e trouxe de volta um larix (pinheiro), então fiz isto novamente diversas vezes e depois de um tempo eu tinha uma boa coleção de árvores coletadas.
Então descobri que aquilo não estava de acordo com o que os livros me diziam. Os livros me diziam que a árvore deve ter um bom tronco, com o primeiro ramo saindo do primeiro terço, que a copa deve ser triangular, enquanto que aquelas plantas que eu coletava não ficavam em conformidade com as regras, eu me senti perdido. Então eu tentei fazer com que as plantas ficasse mais ou menos conforme eu imaginava, eu tentei fazer um bonsai a partir daquilo. O que agora eu sei que foi extremamente fútil, você não deve fazer isto, mas eu não sabia. Então eu pensei “Hmm, tenho que ser muito cuidadoso com a seleção do material que eu coleto”, porque a maior parte do material não tinha valor como bonsai, naquela época. Hoje em dia eu sei que é exatamente aquele tipo de material que queremos.
Bom, eu não era o único na Alemanha, mas certamente eu fui um dos pioneiros. Na Suíça, ao mesmo tempo, um homem chamado Pius Notter estava fazendo a mesma coisa paralelamente, mas eu não o conhecia. Então um certo dia eu pensei “finalmente estou criando algo que de alguma forma pareça bonito” e fui até o Centro de Bonsai em Heidelberg, onde fiquei profundamente impressionado com as árvores em exposição, todas árvores importadas do Japão, algumas da China.
Para fim, naquela época, as árvores eram extraordinárias, brilhantes, junto com elas haviam os funcionários e os mestres. Horst Krekeler era um deles, tendo tornado-se um dos nomes famosos mais tarde, então lhe perguntei minhas dúvidas, tais como “o que você faz com este tipo de material coletado?”, das respostas eu tenho que dizer que ele não tinha a menor ideia, nenhum deles sabia. Eles sabiam exatamente o que fazer com o material bem preparado, então, se você recebe um material preparado para ser bonsai e você simplesmente faz o acabamento, você tem um bonsai, eles sabiam isto, este é o modo como se faz bonsai no Japão a partir de plantas preparadas para este fim. Eles não sabiam me responder aquilo que eu estava realmente interessado “o que você faz com material coletado diretamente da natureza e em inconformidade com as regras do bonsai?”, então eu tive que experimentar e descobrir sozinho.
Então tivermos a primeira exibição em Düsseldorf, que foi em 1985 ou logo depois. Eu descobri que minhas plantas eram grandes, as plantas expostas eram menores. Comparadas com as outras, minhas plantas eram muito maiores, muito selvagens, muito mais excitantes para mim, mas descobri já naquela época que algumas pessoas não gostavam delas, porque não estavam obdecendo às regras, não se pareciam com bonsai.
De qualquer forma, chegou um ponto em que eu comecei a ser considerado como um expert, eu entendia sobre a arte de converter estas árvores em algo que parece ser um bonsai, da mesma forma que aprendi como não matar estas árvores, porque no começo sem pista alguma de como proceder, você simplesmente mata uma árvore após a outra, exatamente como eu fiz. Então aprendi como mantê-las vivas, descobri também que jardineiros experientes não sabiam, isto porque a princípio eu pensava “Ah, os jardineiros podem me dar respostas”, mas descobri então que isto não é algo que se aprende nas escolas de jardinagem.
Quando eu estava por desistir eu fui até o “Biolab Course”, que ainda existe, uma empresa química, busquei o químico encarregado que era especialista em adubos e perguntei “como se aduba bonsai?”, então ele me deu um adubo que eles vendem até hoje, mas que não vale nada, é um adubo que não faz as plantas crescerem, porque não tem nitrogênio naquele adubo, isto porque ele pensou que um bonsai não deve crescer, você deve mantê-lo saudável mas sem crescer, enquanto nós sabemos que a verdade é exatamente o contrário disto, você só consegue desenvolver uma árvore se ela crescer, para isto precisamos de muito nitrogênio.
Veja bem, o especialista lider, o melhor químico da empresa, me deu a resposta completamente errada, então eu aprendi do modo difícil que não existem especialistas. Certo dia veio este mestre japonês até Heidelberg e fez uma performance no palco que me impressionou profundamente, principalmente o modo com que ele arrancava a casca da árvore, criando madeira morta.
Agora eu sei, o tipo de planta que ofereceram para ele era tão ruim, tão pobre, era praticamente um graveto, que a única coisa que ele poderia fazer era um dramático jin e shari para mostrar alguma ação. Mas ainda assim, aquilo me impressionou, claro que fui para casa e comecei a destroçar e quebrar as plantas em pedaços, novamente não havia ninguem para me dizer o que fazer. Descobri então que estes japoneses te mostram algo, mas não respondem os questionamentos, mesmo que você faça uma pergunta, talvez você consiga uma resposta, mas não a resposta que buscava, então você tem que descobrir sozinho e este é o método de ensino japonês de qualquer forma, eles nunca te dizem o que fazer, você tem que descobrir por conta própria.
Então um dia eu simplesmente descobri e quando isto aconteceu eu fui considerado o maior especialista, na maior parte ou em toda a Europa. Enquanto isto o “Bonsai Zen” começou, o “Clube de Bonsai da Alemanha” começou, exibições por toda a parte, hoje o bonsai europeu é um dos mais avançados do mundo, mas aconteceu tudo nos últimos trinta anos e eu estava lá estes exatos trinta anos.

Walter Pall and the early days of bonsai in Germany


Walter Pall and the early days of bonsai in Germany
Author: Walter Pall
Collaborator: J.P. Arzivenko

It was in the very early 80’s that I started to do bonsai, and at that time it was very difficult to you get information and find books. I had found out that there is was guy in Hannover, Germany, who still exists, and then there was what is called Bonsai Center Heidelberg, which later on became quite famous. I ordered two or three books from them, and from these books I learned everything.
So I found from these books that apparently in the old days the Japanese and the Chinese would go to the wilderness and collect trees. I grew up in the Austrian mountains, so I said “I know where these trees are” and I was very naive with no clue of anything, but I knew where the trees were. I was living in Hamburg at that time, but my parents lived in Austria, so we went there on vacation all the time. During the vacation I went up to the mountains and brought back a larch, I did this several times, and after a while I had a nice collection of collected trees.
Then I found that these trees didn't fit with what the books told me. The books told me that there must be a nice trunk, up on one third the first branch, and there must be triangular crown. The trees that I had found would not conform to that; so I was clueless, and then I somehow tried to do something which looked like what I had hoped it should look like. I tried to make a bonsai look out of that. Which now I know was futile, one shouldn't do that, but I didn’t know. So I thought “I must be very careful when selecting material”, because most of the material seemed worthless to me at that time. Nowadays this is exactly the material we want.
So I wasn’t the only one in Germany, but I was certainly one of the pioneers of collecting trees. In Switzerland at the same time, in parallel a man called Pius Notter was doing the same but then I didn’t know him. Well, anyway one day I thought “I am creating something which somehow looks nice but I must learn to create a bonsai properly”. So I went to the Bonsai Center Heidelberg in Germany and I was deeply impressed by the trees they show, all Japanese imported trees, some Chinese.To me, at that time, the trees were brilliant, extraordinary.And there were the employees and there were masters. Horst Krekeler was one of them, later on a famous name. And I asked them questions like “what do you do with this collected material?”, and from the answers I must say, I found out that they had just as little clue as I had - they didn’t know. They knew exactly what to do with well prepared material - if the tree is already prepared for becoming a bonsai and you just finish that, then you have a good bonsai. They knew that this is the way bonsai is done in Japan from material, they did not know what I was really interested in “what do you do with collected material which is totally wild, and does not at all conform to the bonsai rules”, I found that I had to experiment myself.
And then we had the first exhibit in Düsseldorf, Germany which was in 1985 or so, and I found that I had much bigger trees compared to the rest - much bigger, much more wild, much more exciting to me, and at that time already I found that some people didn’t like them, because they didn’t conform, they didn’t look like bonsai.
Well anyway, at one point I was considered an expert, I knew about the art of converting these trees into something that looks like a bonsai or even a real tree, and I also had learned how to not kill the trees. In the beginning if you have no clue you kill just about every single tree, and so did I. Then I learned how to keep them alive, and I found that even trained gardeners wouldn’t know. I thought “oh, gardeners can give me the answers”, and then I found this is not what they are learning in gardening education.
And then I thought I had to deal with real experts; I went to the research lab of a really large chemical company. I went to the top chemist, who was an expert in feeding, and I asked him “how do you feed bonsai?”, and the man gave me some feed which they still have, which is worthless, it is a feed which makes trees not grow, there is no nitrogen in there, because he was under the impression that thats really bonsai, you feed them so that they are somehow happy but they don't grow. Now we know exactly the opposite is true - you only can develop a tree if it grows, you need a lot of nitrogen.
You see, the top expert, the chemical expert would give me the totally wrong answer. I found the hard way that there were no experts, and then we had this Japanese master coming into Heidelberg and doing a performance in the stage and he impressed me deeply, the way he pulled out the bark, creating dead wood.
Now I know, the kind of tree they offered to him was so silly, so nothing, it was just a stick. The only thing he could do was a dramatic jin and shari to show some action there. But that deeply impressed me, and of course when I came home I started to rip and break trees apart, again there was nobody to show me what to do. And then I found that these Japanese people show you something, but I didn’t really get my answers to the questions I had. Even if you asked him a question, maybe you get an answer, but was not the answer you wanted, so you have to find out yourself, and this is the way Japanese teach anyway, they will never tell you what to do, you have to find out.
So I found out and one day I was considered a top expert in the major part of Europe - so that is how that happened. And around that the Bonsai Scene started, Bonsai Club Germany and the exhibits with everything, and now its one of the most developed in the world, and its only happened in thirty years, and I went through these thirty years.

Tuesday, September 10, 2013

Walter Pall e seu começo no Bonsai - Portuguese


Walter Pall e seu começo no Bonsai
Autor: Walter Pall
Colaborador: J.P. Arzivenko

No ano de 1979 eu já sabia o que era um bonsai, genericamente, mas eu
nunca havia visto um bonsai de verdade antes. Então eu li em um jornal da Alemanha sobre um viveiro que possuía bonsai em exibição e para a venda, então eu fui lá já que sempre me interessei sobre coisas relacionadas à jardinagem, uma vez que desde minha tenra infância eu fui um jardineiro. Eu fui lá e fique profundamente impressionado e chocado, com a aparência, a idade, obviamente com a idade e as formas. E eu fiquei chocado com as marcas de arame e algumas coisas me pareceram bem feias. De qualquer forma aquilo me pareceu muito difícil, mesmo que me considerasse um bom jardineiro, eu pensei “isto é simplesmente impossível”.


E também a parte artística que me interessou muito eu também achei difícil. Eu cresci em uma família cheia de artistas, meu avô era pintor, meu pai ator (você nunca diria), meu tio foi um poeta e tínhamos lunáticos e doidos por toda a parte. De qualquer forma eu também sou conhecido como um sujeito artista. Então eu pude ver a arte naquilo e achei que era bastante difícil, mas coisas difíceis e impossíveis sempre me intrigaram, então de alguma forma eu me vi de frente com aquilo, e logo depois eu comprei meu primeiro bonsai, foi como comecei, e de lá para cá foi um vício, não consigo viver sem isso, agora é minha vida.

Walter Pall and his beginnings - English


Walter Pall and his beginnings in bonsai
Author: Walter Pall
Collaborator: J.P. Arzivenko



In 1979 I already knew what bonsai was in general, but I hadn't seen a real bonsai before. So, in a newspaper in Germany I read about a garden center that had some bonsai shown and for sale. So I went there because I was interested in garden things; since my early youth I was a gardner. I went there and was deeply impressed and shocked at the saem time. I was impressed about the appearance, the obvious age and the shapes. And I was shocked about the wire biting in, and by some things I thought pretty ugly and unnnatural. Anyway it seemed so difficult; although I consider myself a good gardener, I thought "this is just impossible".
And then the artistic part which also interested me very much, I also saw as difficult to impossible. I grew up in a family full of artists, my grandfather was a painter, my father was an actor (you would never tell), my uncle was a poet and we had lunatics and insane all over the place. Anyway I am also known as an artist sort of person. So I could see the art in bonsai, and I thought it was very difficult. But difficult and impossible things have always intrigued me, so somehow I was drawn towards this, and very soon later I purchased my first bonsai. Thats it how I started, and from then on it is just an addiction, I cannot live without it, now it is my life.