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Friday, October 30, 2009

Selando feridas em árvores - Português

Sealing wounds on trees - English

Selando feridas em árvores - Português
Este eu escrevi para o bonsainut em Janeiro de 2009
Alguém poderia pensar que a questão sobre selar ferimentos é algo que poderia ser simplesmente resolvida apenas escutando um profissional que poda árvores como modo de vida, ou um cientista que faz pesquisa com práticas horticulturais. Porém não é assim tão simples. Existem disputas sobre este assunto nos clubes de jardinagem. Existem disputas sobre este assunto nos jornais locais quando árvores são podadas em um parque. No bonsai é praticamente uma guerra santa. Como pode ser possível que uma questão que não deveria deixar dúvida alguma devido sua simplicidade causa tanto alvoroço?
A maior razão, ao meu ver, é que a maioria das pessoas, em geral, não tem ou praticamente não tem idéia alguma sobre o funcionamento de uma planta, mas tem uma idéia geral sobre o funcionamento do corpo humano. Eles sabem que se uma pessoa tem um ferimento grande que não é tratado, isto não é muito saudável. Eles sabem que se deve evitar apodrecer por dentro quando se é um mamífero. Se eu disser que qualquer tratamento iria piorar a situação, e que a ferida deveria ser deixada aberta, me chamariam de doido ou ignorante, e estariam corretos. E o mesmo deveria ser verdade com as árvores, e a terra é chata. Selantes foram e continuam sendo uma idéia baseada neste desentendimento. Então veio Dr. Shigo e revolucionou o mundo da horticultura. Sua pesquisa descobriu algo chamado compartimentalização. De uma maneira doida, ele nos diz que as plantas não apodrecem de dentro para fora, elas formam compartimentos com barreiras químicas e físicas. Estes compartimentos começam no centro de um tronco e ocorrem em diversos anéis até a parte de fora. Enquanto o compartimento de dentro irá apodrecer algum dia, a podridão não irá continuar até o próximo compartimento facilmente. Ela até vai, eventualmente, mas a parte de fora da árvore irá crescer e formar um novos compartimentos. Mesmo se um compartimento interno apodrecer ainda existirá outro mais externo onde a parte vive da planta continuará crescendo. Este processo normalmente é tão lento que a árvore irá crescer para longe da parte podre por anos ou mesmo séculos. Praticamente todas coníferas velha na natureza possuem partes podres em seu interior. Mas graças à compartimentalização, elas não morrem.
Dr. Shigo descobriu que humanos que "ajudam" as árvores, mais ou menos profissionalmente, cometem dois erros:
1) Fazem cortes planos, perpendiculares ao tronco, e desta forma fazem ferimentos grandes que passam por diversos compartimentos. Portanto, criam um grande perigo, onde compartimentos saudáveis passam a ser facilmente invadidos por todo tipo de organismos, fungos, e eventualmente apodreção. 
2) Selantes de ferimento são aplicados convencionalmente com o objetivo de prevenir o apodrecimento das partes internas das plantas. Ele descobriu que ocorre justamente o oposto como conseqüência. Em primeiro lugar, na natureza não existe maneira de prevenir que algum tipo de fungo ou bactéria entre em um ferimento novo. Se algum paisagista pensa que pode prevenir isto, ele está simplesmente enganado. Se você sela o ferimento, irá criar um ambiente ideal para estes organismos trabalharem. Eles necessitam de calor e umidade, o que pode ser conseguido de maneira bem mais eficiente selando um ferimento do que não o fazendo. Então Dr. Shigo revolucionou a horticultura ao postular que selantes de ferimento são superfulos, e podem ainda ser perigosos.
Dr. Shigo é considerado um eterno separados de águas na ciência da horticultura, devido suas descobertas. Um estudante de horticultura que nunca ouviu falar dele é um ignorante. Uma pessoa que pensa que pode combater décadas de estudos científicos das mentes mais brilhantes do mundo com apenas o senso comum é bobo ignorante. Um paisagista que diz não saber sobre Dr. Shigo, e não consegue pronunciar compartimentalização é na melhor das hipóteses uma pessoa simples, ou então um charlatão.
Mas o mundo não mudou tanto. A vertente mais aceita na prática horticultural segue o Dr. Shigo, mas muitas não o fazem. Bem, é fato que alguns vão contra porque leva anos antes de aparecerem os resultados, e eles podem fazer dinheiro ignorando Dr. Shigo. Como assim? Bem, corte um grande galho em um parque público e não trate ele com algo, você verá diversas pessoas pulando sobre você. Eles "sabem" que você está fazendo algo errado. As pessoas pedem para que você trate suas árvores no jardim, e você deixa grandes buracos abertos. Eles irão pensar que você não sabe o que está fazendo. Então existem diversos charlatões que colocam selantes em grandes feridas para fazer dinheiro e para fazer as pessoas se calarem. Estes charlatões sabem que eles não deveriam fazer isto, mas é bom para eles, e não muito ruim para as árvores, pelo menos não imediatamente. E existem ainda, aqueles que não vêem necessidade de continuar seu aprendizado além do básico. Eles continuam fazendo as coisas como eram feitas trinta ano atrás. O problema é que as pessoas preferem ouvi-los do que ouvir a ciência.
Mas o que tudo isto tem a ver com bonsai?
Bem, nós criamos grandes ferimentos nas árvores o tempo todo. Não seriam as descobertas do Dr. Shigo aplicáveis? Minha opinião é que elas certamente são.
Deixando a ciência de lado, agora na prática, o que eu pessoalmente faço após décadas de estudo?
Eu sei que estou ponto em risco os compartimento se eu fizer cortes como normalmente são feitos em um bonsai; ou seja, perto do tronco e ainda com um alicate côncavo que é ainda pior, como Bill V. demonstrou. Ainda assim, decido fazer isto pois sei que não irei matar a árvore. Isto irá criar compartimentos podres, mas NÃO IRÁ MATAR a árvore. Árvores podem ser todas esburacadas e ainda assim ter uma vida bastante longa. Árvores grandes, na natureza, podem ficar em perigo ao perderem estabilidade. Com bonsai, isto não é um problema. Quando faço grandes cortes eu usualmente tenho cuidado de não fazer cortes regulares, como normalmente são recomendados os cortes no bonsai. Existirão calos e em se tratando de um corte grande, sempre existirá um buraco. Com cortes pequenos, existirá sempre uma cicatriz. Eu trato de fazer com que o buraco ou a cicatriz pareçam naturais, ou seja, nunca redondos como se fossem cortados com um alicate. Eu faço escarificações intencionais em toda a borda do ferimento.
Em se tratando de selantes, existe uma grande diferença entre coníferas e não-coníferas. As coníferas em geral não irão apodrecer facilmente pois já possuem os melhores mecanismos de proteção, tais como  resina. Decíduas irão apodrecer muito facilmente, mas eu sei de buracos que irão apodrecer muito mais quando "protegidos". Bem, para a surpresa de muitos eu geralmente quero que o buraco de minhas árvores apodreça. Eu quero buracos grandes e naturais em minhas árvores. Então eu poderia utilizar selantes para fazer com que eles apodreçam. Mas como sei que selantes são superfulos, eu não os uso, em geral.
Eu uso selantes quando faço cortes que eu vejo um perigo de ressecarem muito rapidamente. Acontece em ácer algumas vezes. Alguns galhos eu quebro acidentalmente, e quando penso que podem ter uma chance de se curar eu coloco algum selante no ferimento para prevenir a desidratação. Eu uso um selante que irá desaparecer por si mesmo depois de alguns meses, e que é inexpensivo e pouco visível: Gordura para Ordenhar! Tem uma agropecuária perto da minha casa e eu compro esta gordura por quase nada. (sim, é uma gordura que se usa nas mão para ordenhar as tetas das vacas). É praticamente invisível, age como a Vaselina, age por cerca de um ano e certamente não é venenosa.
E eu escondo ferimentos recentes colocando alguma camuflagem neles.
O que eu digo para aqueles que insistem em selar todo tipo de ferimento nos bonsai? Bem, vá em frente se isto te faz sentir bem, mas lembre que isto faz mais bem a VOCÊ do que a árvore propriamente dita. E não acredite em quem diz que ao usar o selante você será uma pessoa melhor.
Amem.
Walter Pall
Traduzido para o Português por João Pedro Arzivenko Gesing

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